Olá, pessoas! Estou aqui não somente para apresentar a parte I do capítulo II, mas também para elogiar o trabalho da SM em relação a capa de OADN *-----* Linda, não é? Ainda mais agora que eu estou achando maravilhosa a inserção de Kristin Cavallari no papel da Tanya. É muito mais como eu a imagino que como a MyAnna Buring (perdão, pessoas... HAHAHA). Espero que gostem dessa primeira parte e eu já vou dizendo-os, o Tames (Tanya+James) ou se preferirem o Janya (James+Tanya, LOL - ok, horrendo!) vai pegar um pouco de fogo, mas a Tanya verá que o James não é tudo isso que ela pensa que ele é. Vejo vocês logo :)
OADN — Capítulo II
A Promessa ∞ Parte I
Aquele encontro
arranjado repentinamente me deixou claramente nervosa, mas o que me deixou
ainda mais nervosa foi o fato de Alice passar por cima da minha autoridade
sobre a minha própria vida. Só de pensar nessa situação, eu senti o frio correr
a minha espinha de cima a baixo e fazer seu caminho de volta. Ela não precisava
tomar as rédeas sobre a minha vida na tentativa de preservar a minha sanidade
mental após todo o acontecido no meu passado.
Mal completaram
meia-hora após eu adentrar o apartamento, Alice apareceu ali. Eu pude ouvir ao
longe a sua voz aguda em uma conversa rápida com Irina, pouco após Senna
recebe-la à porta. Fiz ela me esperar; estava em meu banho, retirando aquela
sensação de podridão que era originária do julgamento que tomara parte da minha
manhã e tarde.
Poderia até
dizer que senti um refluxo subir-me pela garganta apenas por pensar na imagem
de Alec Volturi, postergada pela imagem de toda a sua família naquela mesma
sala que eu. Somente no final, a imagem de James me apareceu e eu sabia bem
porquê.
James não era o
tipo de homem com uma boa imagem e, na verdade, ele era um cretino aos meus
olhos. Vindo de uma boa família, assim como eu, se formou aos vinte e três em
Direito e logo – e talvez com alguma ajudinha de seu pai –, passou no primeiro
concurso público para a promotoria distrital de Nova York. E ali permanecia
desde então, sendo que se especializou, com o tempo, em criminalística, assim
como eu também fiz. Nós tínhamos uma diferença mínima de idade – eu era somente
três anos mais nova que ele –, mas eu sabia sua fama – ele, ali no Tribunal,
podia ser o homem mais honroso e respeitável do mundo, recebendo, inclusive,
elogios meus, mas isso não reduzia o meu conhecimento sobre a sua má fama em
sua vida pessoal e isso me aterrorizava.
As mulheres que
andavam com ele eram, no mínimo, modelos e eram as mais belas já vistas no
mundo da moda; muitas delas, até, eram ou foram modelos da Victoria’s Secret ou
da Chanel e me davam raiva de tão belas. Mas ele fazia jus a isso e era o
mínimo que a vida poderia lhe recompensar.
Os Gigandet
eram, na verdades, bem providos de beleza e dinheiro, mas James, em especifico,
ainda que tivesse tudo isso, exalava perigo e canalhice, para dizer bem a
verdade, e os olhos claros dele, no tom azul levemente esverdeado, expressavam
isso de longe. Aliás, tudo nele indicava, ao longe, que ele não precisava estar
no cargo que estava.
Mas, talvez,
fosse ele a pessoa certa para dar chance ao andamento da minha vida depois de
todo o ocorrido, já que Edward, em breve, se casaria com a sua Bella.
Respirei fundo
antes de sair daquele banheiro com o corpo contornado pelo meu robe branco de
seda e uma toalha emoldando meus cabelos sobre a cabeça. Do lado de fora, eu vi
Alice preparando as coisas sobre a minha penteadeira; ali estava o kit que ela,
provavelmente, trouxera de sua casa. Um vestido azul, cujo cumprimento era
curto, pairava sobre a minha cama e aos pés do mesmo, um peep-toe preto. Só de
olhar aquelas roupas, eu me senti uma prostituta; eu estava reprovando aquilo
tudo desde o primeiro momento, mas se eu dissesse um A, seria prontamente
desaprovada por minha prima.
Naquele momento
eu tive a certeza de que fazia algum tempinho que Alice não observava com
firmeza o noticiário.
A baixinha me
olhou com desaprovação. E eu retornei aquele mesmo olhar para ela.
— Faça isso por
você, não por mim, Tanya — ela disse, colocando suas mãos em meus ombros, me
obrigando a sentar na cadeira que ficava a frente da penteadeira. — Pode ser
que ele não seja o homem dos seus sonhos, mas ao menos dê chance ao seu
coração. Os fantasmas do passado devem ficar no passado, se é que você me
entende.
Eu entendia, mas
dei de ombros e a vi trabalhar em meus cabelos com uma devida habilidade fora
do comum. E era como se ela tivesse nascido para trabalhar com moda. De
qualquer forma, eu me senti tremendamente nauseada novamente porque aquele era
o meu primeiro encontro com um homem desde…
Meu fígado deu
sinais de que por ali passeava o suco bilear, apenas de pensar no que
acontecera em meu passado. Mas era tentar ou tentar. Eu precisava ignorar meus
medos algum dia e, talvez, James fosse a oportunidade certa para aquilo.
— Às vezes,
você não é tão irritante quanto parece, Alice — eu disse e reafirmei logo em
seguida. — Somente às vezes.
Aquela garota,
eu sabia, precisava saber muito da vida ainda. E eu sentia algo parecido com piedade sobre ela, principalmente por
Esme cegá-la em relação ao que, de fato, acontecia no mundo fora da realidade
em que ela vivia.
— Obrigada.
Muito obrigada — disse a pequena irritante, teatralmente. — Confesse: você me
ama.
— Lógico — eu
afirmei, debochadamente. — Se eu não te amasse, eu teria colocado sua cabeça na
privada tão logo eu te vi aqui e daria descarga — completei. — Eu posso ser
loura, mas não sou idiota, Alice. Ainda não entendi qual a sua intenção ao me
empurrar para um cara como James! Você não sabe muito bem sobre a pessoa que ele
é, de fato, não é?
— Só conheço os
bons feitos dele — ela rebateu. — Mas o que importa? Talvez ele precise de uma
mulher como você para arrumar a vida dele e talvez seja ele o homem certo para
arranjar sua vida.
Não existia
homem certo para apagar o meu passado, isso era um fato consumado, mas a
inocência de Alice me fazia querer tentar. Apesar de ela ter Jasper Hale como
seu namorado desde a época da adolescência, aquilo não significava a mesma
coisa. Ela não esteve vulnerável como eu estive.
— Talvez eu deva
procurar um psicólogo — comentei para mim mesma, mas Alice captou a mensagem,
fez uma careta e não disse mais nada.
Daquela forma,
ela continuou a trabalhar no meu cabelo, secando-o e escovando-o com uma
habilidade descomunal. Em pouquíssimos minutos, a babyliss passeava em meus
fios, deixando-os ondulados e belos, de uma forma que eu só ousaria deixá-los
quando me via obrigada a acompanhar a minha família em algum coquetel ou jantar
importantíssimo, o que acontecia desde sempre desde o meu debute. Eu reconhecia
com facilidade que meus cabelos com aquelas ondas passeando por eles se
tornavam ainda mais belos.
Logo, meus
cabelos ganharam um penteado fácil de ser desmanchado, caso aquilo fosse, de
fato, necessário. Meus fios foram levados para o lado direito da minha cabeça,
o que tornava aquele penteado, até, formal demais, mas poderia, facilmente, ser
considerado para uma ocasião casual, como era a situação proposta pela minha
prima à James. Se aquela noite no teatro acabasse, de fato, em um restaurante requintado,
aquilo seria facilmente aceito.
Meus ombros
rapidamente arquearam ao notar o resultado final. Eu estava satisfeita com
aquilo.
No momento
seguinte, vi Irina colocar sua cabeça dentro do meu quarto. Ao longe, eu pude
ver que ela aprovava o resultado, dando um sinal de “ok” a Alice.
— Posso cuidar
da maquiagem? — minha irmã sugeriu.
Eu já estava
vulnerável. Se eu, por algum acaso, não permitisse, me sentiria mal. Eu me
conhecia; ficaria com a consciência pesada.
Deixei-me
continuar da maneira em que estava. Fazia tempos que não me arrumava para sair
com um homem e isso soou diferente para mim, repentinamente. Era como se aquela
Tanya que Alice e Irina desenhavam não fosse eu. Estava tão acostumada com os
padrões e o dia-a-dia do meu trabalho que imaginar-me saindo apenas para me
divertir soava um pouco estranho demais; mas a isso adicionava-se o fato de eu
sair com um dos caras mais concorridos de Manhattan. Já até imaginava o que os
tabloides me diriam pela manhã, por mais que eu já estivesse acostumada com
eles.
Não me
reconheci após a maquiagem feita por Irina. Fazia tanto tempo assim que eu não
me via daquele jeito que, de fato, parecia que outra mulher surgira e tomara o
meu lugar. Eu me senti diferente, cheia de uma confiança diferente daquela que
eu costumava ter quando ia defender algum cliente nos Tribunais; eu me senti
bem comigo mesma pela primeira vez depois daquele incidente.
Talvez todos
estivessem definitivamente certos: os fantasmas do passado deveriam ficar no
passado e seja lá qual fosse a intenção de James Gigandet em me convidar para
sair, eu aceitaria de bom grado.
Respirei
profundamente antes de, enfim, prestar atenção nos elogios de Alice e Irina.
— … obra prima
— disse Alice, me fazendo crer que ela tivesse dito que o penteado que fizera
em umim era uma verdadeira obra prima,
o obra prima dela.
— A maquiagem
está impecável — Irina rebateu. — Se não fosse por isso, certamente o seu
penteado não valeria nada.
Eu estava
certa. Elas discutiam por uma coisa tão incabível que eu sequer conseguia
acreditar, mas ambas estavam incrivelmente certas: Irina fizera um ótimo
trabalho – a sombra amarronzada em meus olhos realçavam a cor das minhas íris
incrivelmente azuis e o batom levemente claro dava ainda mais destaque àquela
parte de meu rosto. Mas a peça principal de tudo era o vestido que esperava-me
sobre a cama, cada vez mais convidativo.
— Meninas, o
trabalho de vocês foi ótimo — eu disse, tentando elogiar a ambas. — Eu estou me
sentindo outra pessoa, literalmente.
Não estava
mentindo e as duas foram capazes de ver isso em mim, em meus olhos que estavam
iluminados, mas, ao mesmo tempo, elas viram que aquela minha recepção
acontecera para evitar uma possível briga entre as duas. Minhas palavras, ao
mesmo tempo, significavam uma sensação estranha; eu queria ficar um pouco
sozinha, não apenas para me vestir, mas também para tomar um choque de
confiança; era o mínimo que eu devia a mim mesma.
Elas
entenderam. Alice bateu levemente no antebraço de Irina com sua mão direita e
ambas saíram daquele cômodo, me deixando inteiramente sozinha.
Naquele momento
seguinte, fui até meu closet e peguei uma das minhas compras recentes. Uma das
sacolas da Victoria’s Secret passearam nos meus dedos finos, como se estivessem
totalmente sem paciência para serem utilizadas. E eu sabia muito bem as peças
que ali estavam e suspirei profundamente, argumentando se James valeria tanto a
pena.
Uma cinta liga
caiu em minhas mãos tão logo abri a embalagem e, em seguida, o conjunto
calcinha e sutiã fizeram o mesmo caminho. As três peças eram brancas com
detalhes pretos. Fora uma escolha de Irina, já que a muito tempo eu deixara de
ter uma vida sexualmente ativa. Já não tinha mais noção sobre baby-dolls ou
camisolas, mas contar com a opinião dela era ótimo para mim, principalmente em
ocasiões como aquela.
Vesti aquelas
peças com rapidez e fechei o closet, em busca do vestido sobre o meu colchão.
Eu o vesti também, calçando os sapatos pouco em seguida. Eu era outra pessoa
quando tornei a me observar no espelho da penteadeira. O vestido me caíra bem e
eu estava mais alta do que estava acostumada a estar.
A confiança brotou em mim de uma forma que eu jamais senti
antes.
Fiquei feliz
por tal reação e sai do quarto carregando a minha carteira preta e de mão.
— Já era sem
tempo — Alice disse, observando-me andar em direção à sala de estar. — Ele está
subindo. Tudo o que eu tenho a desejar a vocês é boa sorte e não se comporte.
— Alice! — eu
disse, sentindo-me ruborizar.
O meu
comportamento dependeria única e exclusivamente do comportamento de James e eu
sabia que ele não seria nenhum pouco puritano. Ele jamais era e não seria,
jamais, comigo. Eu conhecia bem a peça…
Quando a
campainha tocou, eu senti vontade de eu mesma abrir aquela porta e evitar que
ele observasse as minhas fadas-madrinhas.
Logicamente, eu tinha que dar algum crédito a elas, mas eu me sentia
envergonhada sobre isso. Mas Senna foi ainda mais rápida que eu, que mal
consegui me mover, e atendeu a porta, como sempre fazia, escancarando a mesma.
Vê-lo de novo,
repentinamente, me fez bem. Eu me senti segura; me senti bem.
— Tanya — ele
começou, impressionado; ele não precisava dizer mais nada – seu olhar já dizia
tudo – e, então, ele sorriu.
Ele estava
perfeito. Ou o mais próximo disso possível. E seu perfume, mesmo ao longe, era
maravilhoso. A calça jeans – coisa que eu jamais imaginei que ele seria capaz
de usar – estava excelente em conjunto com os mocassins, a camisa branca e o
blazer. Mesmo ao longe, eu conseguia perceber o quão musculoso ele parecia,
passando, naquele momento, uma imagem mais fiel a si que aquela passada nos
Tribunais.
Fiquei surpresa
por ele lembrar exatamente o prédio em que eu morava. Há muito tempo ele não
aparecia ali, sendo que só me levara até a portaria em um momento após um
jantar entre amigos em comum. E nós nunca nos consideramos dessa forma porque a
conveniência nos deixava afastados um do outro. Objetivamente, aquilo era bom
até o momento em que Alice resolveu nos aproximar.
— Vamos? — ele
disse, oferecendo-me o braço para seguirmos até o elevador.
Senti uma
espécie de choque percorrer a minha espinha quando nos unimos. James era a
espécie de homem que carregava consigo aquilo que se nomeava como sex appeal e, provavelmente, era aquilo
que atraia as mulheres a sair consigo; além do mais, ele tinha dinheiro e era
uma pessoa pública, o que tornava tudo muito atrativo, mas não para mim.
James era diferente
de Edward em muitas coisas, a começar pela linha de raciocínio e pelo porte
físico. James parecia bem liberal em relação a diversas coisas, enquanto Edward
permanecia com sua mentalidade romântica; James possuía um porte físico de
causar inveja, ainda que ficasse horas e horas destinando-se ao trabalho e as
baladas da vida, enquanto Edward parecia um sujeito quase puritano e era um
grande admirador de seus livros, mas quando podia – e quando os plantões
médicos não lhe exigiam –, era possível vê-lo praticando natação ou, até mesmo,
rúgbi; o primeiro raramente praticava esportes, tal qual o segundo, mas
conseguia manter seu porte físico com mais excelência que este.
— Você está
linda — ele comentou, quando paramos para pedir o elevador naquele andar
novamente. — Não está nada parecida com a Tanya que eu conheço.
Talvez porque a Tanya que vê realmente não seja aquela que
você conhece, eu pensei.
Ao invés disso,
eu respondi:
— Obrigada.
Ele sorriu em
resposta, sendo que aquele foi o momento certo em que o elevador parou no andar
do meu apartamento.
Em outros
momentos, eu optaria por descer as escadarias, mas naquele, acompanhada, eu
dificilmente teria aquela opção como minha aliada. Além do mais, os saltos
altos não eram meus amigos com muita frequência e quando optavam por sê-los,
era melhor não exigir muito deles.
— Você tem algum
plano a vista? — perguntei porque tinha certeza que ele não cumpriria com o
acordado.
— Exatamente
aquilo que foi combinado com a Alice — ele disse, colocando despreocupadamente
as mãos no bolso quando nos soltamos e entramos no elevador. — Não é porque eu
sou uma pessoa no Tribunal e levo a minha vida de uma forma desregrada a maior
parte do tempo que eu vou deixar de cumprir com a minha palavra.
— E… — eu ia
gaguejar.
— Tudo bem,
Tanya — ele completou. — Exceto se você quiser mudar meu ponto de vista, eu
continuarei com os planos já acordados.
Havia uma
faísca nos olhos de James, o que me indicou que ele queria ir muito além que
aquilo, que ir assistir a uma peça de teatro e, depois, a um jantar.
Entretanto, eu não sabia se conseguiria ir muito além, apesar de repetir
mentalmente que sim.
Com aquilo,
senti o choque passear por meu corpo. As propostas de James pareciam um pouco
tentadoras demais para a minha mente, mas fazia certo tempo que um homem não me
tocava por peso do meu passado. Eu estava amedrontada, mas essa era uma coisa
que James não precisava saber.
Aquilo não
estragaria a minha confiança. Eu só estava especulando uma coisa que com alguma
probabilidade mínima poderia acontecer, se eu tivesse algum pouco de sorte.
Eu não entendia
muita coisa de carros, para ser, ao meu máximo, sincera; comprara o meu Touareg
após Edward indicar-me como um bom carro e meu pai falar que o mesmo era um
carro seguro e leve para se dirigir, por maior que o mesmo fosse. Assim que vi
o carro de James, eu não reconheci o modelo do mesmo, mas o desenho de sua
marca era identificável ao longe – um sedã da Jaguar.
O jovem
concierge de meu prédio sorriu-nos quando James e eu passamos pelo hall do
prédio, como se previsse que seu serviço, em poucos segundos, seria solicitado.
Ele era muito jovem naquele condomínio e parecia conhecer pouco das regras do
prédio e personalidades dos moradores que ali viviam; eu mesma mal o tinha
cumprimentado na noite anterior. Mas o motorista do Promotor fora mais rápido
ao sair daquele carro prata e dar a volta no veículo, abrindo a porta traseira
do mesmo para que nós pudéssemos entrar. Ele parecia rígido como uma pedra, de
tão sisudo que era, chegando a me passar certo medo, mas adentrei aquele carro,
pouco antes de James, aceitando aquilo como se fosse a melhor opção a ser
tomada. Instantes depois, o motorista estava de volta ao seu lugar e nós
estávamos passando rapidamente por todos os prédios de Manhattan.
Suspirei
profundamente.
Naquele
momento, eu senti como se James Gigandet era, apenas, uma máscara bem feita ali
nos Tribunais. Eu pouco conhecia de sua personalidade fora daquilo tudo – sendo
que acompanhava com maior vigor pelos noticiários quando os mesmos relatavam
alguma coisa que estava ligada a sua vida pessoal – ainda que eu tivesse
vivenciado alguns momentos com ele, mas nunca nada aconteceu entre nós além de
um jantar casual entre amigos, no qual ele me trouxe de volta para casa. A
conversa seca, naquela ocasião, que só avaliava o nosso trabalho; dessa vez, eu
não tinha assunto nenhum.
Mas,
logicamente, ele deveria ter assunto de sobra, principalmente conversinhas
baratas.
— Você admira
musicais?
Fui obrigada a
erguer meu olhar de meu colo apenas para observá-lo. Poucos sabiam de minha
preferência sobre musicais – e como
conhecedores desse fato estavam sobre meu pai e minha mãe – e, com isso, eu
optei por achar que aquilo era, basicamente, um chute. E fiquei feliz por
alguém me perguntar sobre isso.
— Sim. Estou,
há certo tempo, querendo ver Evita,
mas eu não consigo parar de trabalhar — eu confessei rigidamente, sentindo que
estava um pouco ruborizada, ainda que dissesse a verdade; poucos também
conheciam o meu prazer em conhecer um pouco mais sobre a cultura argentina. —
Eu não consigo casar meus momentos de lazer com o trabalho.
— Não seja por
isso — ele sorriu, pegando a minha mão direita, que repousava entre nós, sobre
o banco, e acariciou, o que me deixou complexa e me fez segurar um suspiro;
aquele sorriso límpido demonstrava confiança em excesso, como se tudo o que ele
fazia fosse a coisa mais certa a se fazer. — Laurent, mude o trajeto. Vá para a
Broadway.
O homem negro
assentiu rapidamente. Por um breve instante, percebi, de relance, que a ideia
de James era nos levar ao Radio City Music Hall, mas que sua tentativa de me
agradar nos levava rapidamente a Broadway. Naquele mesmo momento, ele sacou o
celular do bolso de sua calça e em poucos segundos o telefone fora levado aos
seus ouvidos, no qual começou a falar coisas rápidas e desconexas com uma
mulher do outro lado da linha – que parecia exaltada e exaurida.
Quando ele
desligou, o impossível parecia ter sido feito; o sorriso brotou em sua face –
algo que eu jamais imaginaria ver se estivéssemos exercendo algum trabalho no
nosso ramo profissional no momento – e proferiu um simples:
— Resolvido.
Iremos à Broadway e jantaremos no Petrossian.
Não importava o
quão rica minha família era, a família de James parecia arrecadar, anualmente
cinco vezes mais que o dinheiro acumulado pelos negócios de meus pais. Aquilo
trazia poder para James e isso só o tornava arriscado demais para se investir.
Pelo tom de voz que eu o ouvi falar, senti-o perigoso também.
Eu não
arriscaria gastar meu dinheiro no Petrossian por mais que eu tivesse condições
monetárias para entrar naquele lugar. Tudo ali girava em torno do dinheiro e do
caviar. E era exatamente por isso que eu não gostava de ir aquele lugar;
sentia-me melhor se visitasse bistrôs.
Paramos a
pouquíssimos metros da Broadway. A fila de entrada estava grande por ser o
começo do final de semana. Estava estampado na cara de todos que eles preferiam
ir aquele lugar em uma plena sexta-feira para não ter que atrapalhar o
andamento do seu sábado ou domingo; e estava claro, mas apenas na cara de
alguns, que aquele lugar era entediante e que só estavam ali para acompanhar
suas esposas ou um grupo de amigos.
Eu admirava
aquele lugar!
Fiquei
embasbacada ao ver o tamanho do poder de James e sua família. Nós, tal qual
aquilo fosse uma balada de propriedade dos Gigandet, conseguimos adentrar
aquele lugar sem precisar pegar fila. Eu achava injusto com as pessoas que
estavam esperando ali por longos minutos, mas, provavelmente, ele tinha contato
naquele ambiente, o que só me deixou estarrecida.
E só de pensar,
eu senti o choque estremecer minha espinha. Mas de uma coisa eu sabia: eu
aproveitaria aquilo que James estava me proporcionando até o último momento.
Aquela poderia ser a primeira – e a última – vez que uma coisa desse gênero me
acontecia.
Enquanto nos
dirigíamos a sala que passaria o musical, senti o braço direito de James passar
por minhas costas e, em seguida, a sua mão aberta apertar a minha cintura
levemente. Fiquei com certa resignação quando tal coisa aconteceu e até pensei
em retrucar, mas pensei melhor e deixei passar, mesmo porque James parecia sério
demais em relação aquela situação.
Me deixei
relaxar.
Aquela noite
tinha tudo para dar certo. Aquela noite tinha tudo para amansar o meu ódio.
Depois de anos.
E eu faria de
tudo para não estragar a minha noite.
— Está tudo
bem, Tanya? — ele perguntou, erguendo levemente a sua testa e fazendo-a ganhar
certas marcas de expressão quando nos sentamos na parte superior daquela sala,
em um dos melhores lugares. A sala estava basicamente cheia, exceto por alguns
poucos lugares vazios.
— Está —
respondi, tentando fazer minha voz não parecer trôpega, mas foi impossível.
Quando nos
sentamos, lado a lado, ele continuou, se aproximando de minha orelha direita e
falou:
— Só farei com
você aquilo que estiver dentro das suas pretensões.
Senti-me
ruborizar quando as luzes esmaeceram. A vergonha me tomou, mas eu faria de tudo
para James não perceber aquele minha situação.
Meu coração
bateu mais rápido quando as personagens da trama adentraram o palco. Ver a
atuação de Elena Roger como Evita foi uma emoção para mim, principalmente por
ela ter retirado aquela visão estranha deixada anteriormente pela Rainha do
Pop, e ver o Rick Martin no papel do Che me deixou suspirando; foi um papel
merecido à ele. E do jeito que estava em êxtase com o musical, sairia cantando
e dançando “Buenos Aires” e “Don’t Cry For Me Argentina” – eu estava
exagerando, era fato.
Quando olhei
para James ligeiramente, percebi que ele não estivera prestando atenção no
espetáculo um só momento. Seus olhos estavam fixados em mim, em minhas pernas
parcialmente descobertas, e vez por outra para o meu rosto, que deveria
demonstrar alguma coisa parecendo com encanto.
— Vamos sair
daqui — ele falou em minha orelha, claramente sedutor.
Eu sorri no
escuro, mas eu tinha certeza que ele captou algum outro sinal semelhante que
saíra de mim naquele momento.
Rapidamente ele
pegou minha mão direita e junto saímos dali, ainda que eu me sentisse
totalmente ruborizada. Eu senti meu corpo corresponder a James e sua
demonstração de afeto – por mais falso que aquilo fosse – quando saímos dali.
Ele parou quando já estávamos do lado externo daquele anfiteatro enorme, antes
de chegarmos a saída e me sorriu antes de falar:
— Eu preciso de
você, Tanya, agora.
Após sua fala,
ele ergueu meu queixo ligeiramente, ainda que eu conseguisse vê-lo
perfeitamente, e me deu um beijo profundo, logo após de me dar um beijo nominal.
Aquilo me deixou quente e um pouco nervosa, mas fui capaz de, prontamente,
corresponde-lo.
Havia um ritmo
ali e aquele clima proporcionado por ele era totalmente diferente daquele que
eu sentira quando beijei outros homens. Era simplesmente diferente.
O hálito de
menta que saía da boca dele casava perfeitamente com o aroma de frutas
vermelhas que saia da minha; mas não só por isso – seus lábios se encaixavam
perfeitamente nos meus. Aquilo me causava estranheza e eu achava diferente, ao
mesmo tempo. Até a sintonia entre nós era complexa.
Quando
desatamos aquele beijo, ele segurou minha mão esquerda entre os dedos indicador
e médio da sua mão direita, olhando fixamente antes de me perguntar:
— Para onde
quer ir?
— Me leve para
onde você quer me levar — eu respondi, sentindo que minhas palavras eram
carregadas de duplo sentido.
O sorriso dele,
belo e muito branco, apareceu rapidamente e dessa vez nós saímos rapidamente daquele
lugar, apenas um pouco depois de ele avisar seu motorista que ele deveria estar
ali em pouquíssimos minutos. Em momento algum, James soltou a minha mão e eu
achei aquele ato um pouco estranho partindo dele. Era daquela forma que ele
tratava todas as mulheres que conquistava e, depois, dormia? Se fosse dessa
forma realmente, estava explicado o por que ele, com facilidade, era retratado
como destruidor de corações.
Quando
adentramos seu carro, ele tomou-me em seu colo e deu-me outro beijo abrasador,
estendendo aquela sensação maravilhosa para o meu pescoço e a parte descoberta
de minha clavícula, o que me fez sentir uma sensação diferente percorrer a
minha espinha.
— Você gosta
disso, não é? — ele disse, sorrindo de um modo bem cafajeste.
Ai, meu pai, eu pensei naquele
momento.
Repentinamente,
eu não me importei com o motorista a nossa frente. O que me importava realmente
eram os carinhos feitos por James no lado interno de minha coxa direita e o
quanto aquilo me deixava afoita se somado com os beijos que ele me dava e que,
consequentemente, tiravam o meu fôlego.
Naquele
momento, eu soube: os planos de irmos ao Petrossian foram totalmente para os ares.
Quando notei,
nós estávamos pertíssimo da Quinta Avenida. Eu sempre soube que o apartamento
de James ficava naquela região e todos os nossos amigos em comum comentavam-me
que o seu apartamento dava uma visão privilegiada do Empire State Building por
estar em um prédio que ficava muito perto dali. Só não sabia o quão perto era.
Suspirei
profundamente antes de aceitar a mão dele para sair daquele carro, já quando
estávamos no estacionamento daquele condomínio, que ficava no subsolo.
Estava certa:
aquele momento era o meu momento de
dizer sim ou não. E eu aceitei a mão solidária de James. Eu estava pronta para dizer sim novamente e esquecer todas as porcarias
que aconteceram em meu passado.